Eu prometi pra mim mesma que não ia chorar nada além da primeira noite depois de você ter ido embora. Eu prometi pra mim mesma que ia respirar fundo e tentar entender que eu me esforcei o máximo pra fazer tudo dar certo e não ia derramar mais uma lágrima por isso.
Hoje fazem três dias que você partiu. Eu chorei a madrugada inteira do primeiro dia, no segundo eu tapei todos os meus buracos, tentei não pensar em você, escondi todos os vestígios que habitavam a casa, não toquei nos livros, não liguei o som na rua rádio preferida, não cozinhei como costumava fazer pra você todas as segunda-feiras. Eu passei por cima de tudo o que poderia me fazer trazer sua imagem a memória. Eu passei por cima desse dia como quem diz: hoje eu não vou me permitir entristecer por você que nem está mais aqui. Dormi confortavelmente uma madrugada inteira sem derramar uma lágrima sequer. E o sol nasceu de novo na minha janela e já era terça-feira. Mais um dia eu tentei tapar os buracos. mas aí eu quis ouvir a música que você cantava pra mim. Eu quis sentir seu perfume entranhado nos livros. quis cozinhar sua comida favorita. Tudo na esperança inútil de tentar te trazer de volta através de migalhas guardadas no canto dessa casa quase vazia, com uma presença quase que inútil que era a minha. Eu olhei suas fotos, ouvi áudios pra matar a saudade da sua voz. Mas tem um buraco gigante no meu peito. Um buraco gigante que parece que não vai fechar nunca.
Por mque quando alguém parte, quando alguém nos parte, fica um vazio que nada preenche.